‘De Volta Para Casa’ já beneficiou 438 pessoas, mas Goiânia segue com maior população em situação de rua no Estado
Enquanto programas de retorno voluntário crescem no estado, Goiânia, capital com o maior número de pessoas em situação de rua em Goiás, ainda não conseguiu zerar esse contingente até dezembro, como havia sido prometido pela gestão municipal. Dados oficiais indicam redução, mas o cenário continua distante de uma solução definitiva.
Desde 2024, o programa De Volta Para Casa, executado pelo Goiás Social por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds), já possibilitou o retorno voluntário de 438 pessoas em situação de rua para suas cidades de origem em outros estados. Somente em 2025, segundo a Seds, 326 pessoas deixaram as ruas de municípios goianos após aderirem à iniciativa.
O programa ganhou visibilidade ao ser apresentado como um mecanismo de reintegração familiar, oferecendo passagem interestadual, kit alimentação e acompanhamento social antes e depois do deslocamento. Todo o processo ocorre de forma gratuita e voluntária, com financiamento do Fundo de Proteção Social do Estado de Goiás (Protege Goiás), que já destinou mais de R$ 430 mil desde a criação da política pública.
Em entrevista recente ao Jornal Opção, a secretária municipal de Desenvolvimento Social, Erizania Freitas, afirmou que o município reduziu o número de pessoas nas ruas em cerca de 80%, saindo de uma estimativa inicial de mais de 4 mil para aproximadamente mil atualmente.
“Aqui a gente não trabalha com número, a gente trabalha com CPF. É pessoa por pessoa, entendendo a complexidade de cada caso”, disse Erizania ao Jornal Opção. Segundo ela, o acompanhamento ocorre por meio do Sistema Unificado de Proteção Social (SUPS), que monitora individualmente os atendimentos voltados à população em situação de rua.
Entretanto, de acordo com informações do Cadastro Único analisadas pelo Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), 1.185 pessoas em situação de rua estão oficialmente registradas na capital. A própria Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) estima que o total chegue a cerca de 1,3 mil pessoas.
A concentração é ainda mais evidente em regiões específicas da cidade. Os setores Campinas e Sul reúnem, juntos, mais de 75% da população em situação de rua de Goiânia, com 448 e 446 pessoas registradas, respectivamente.
No contexto estadual, o desafio também é expressivo. Segundo levantamento do IMB, Goiás registra 2.575 pessoas em situação de rua, em sua maioria homens (87%), negros (72%), com baixa escolaridade e renda média familiar de apenas R$ 134. O desemprego aparece como principal motivo para a ida às ruas, seguido por conflitos familiares e crises financeiras. Além disso, apenas cerca de 30% dessa população acessa regularmente equipamentos públicos como os Centros POP.
É justamente nesse cenário que o De Volta Para Casa se insere como alternativa para parte dessa população, especialmente para aqueles que possuem vínculos familiares em outros estados. Para o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Wellington Matos, o programa busca uma reintegração respeitosa. “Esse ano, muitas pessoas terão a oportunidade de passar o Natal com suas famílias e a chance de recomeçar ao lado de pessoas queridas”, afirmou.
Paralelamente, o Governo de Goiás mantém repasses financeiros aos municípios. Desde 2021, mais de R$ 102 milhões foram transferidos aos fundos municipais de assistência social. Apenas em 2025, Goiânia recebeu mais de R$ 6 milhões via cofinanciamento estadual, além de R$ 7,8 milhões do programa Equipa Social para reformas e melhorias em Cras e Creas.
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