A glória e os dramas das grandes bailarinas russas
Dotada de brilhante temperamento trágico, ela era favorita dos coreógrafos, e é considerada coautora do papel de rainha Mekhmene Banu em “A Lenda do Amor” do jovem Iúri Grigórovitch, seu marido então.
Fonte: YouTube/Allga383
Apesar disso tudo, lhe faltava algo: ela não lutava pelos próprios interesses e nunca interpretou os papéis com os quais sonhava. Também, pudera! Naquela época trabalhavam estrelas e mais estrelas no efervescente “Teatro Kírov”: Dudínskaia, Ulânova, Ossipênko etc.
Foi só quando estava perto de se aposentar que Chêlest recebeu o papel de “Giselle”, que interpretou uma única vez. A apresentação foi um evento memorável para todos que a assistiram, e tem apenas uma filmagem. A bailarina se despediu dos palcos em 1963.
Só o fato de Timofêieva ter ganhado o papel principal em “Lago dos Cisnes” no primeiro ano após se formar na “Academia de Balé Vagânova” mostra que o “Teatro Kírov” nutria grandes esperanças em relação a essa jovem dançarina. Mas ela relembrava que já no dia seguinte a mandavam servir de apoio a um candelabro em meio aos figurantes da Ópera Dubróvski.
Alta e imponente, Timofêieva não conhecia obstáculos técnicos, encaixava-se perfeitamente no estilo soviético de balé. Mas ela entrou em cena em uma época em que esse vivia seus últimos dias e teve que se adequar ao repertório lírico padrão. Porém, até “Giselle” ganhava um toque individual dessa bailarina.
Álla Ossipênko (1932)
Depois de largar um destino brilhante e partir com a trupe do marido, Ossipênko se apaixonou, largou, foi largada e sobreviveu a uma morte trágica. / RIA Nôvosti
Enquanto outros venciam pelo virtuosismo e energia, Ossipênko impressionava pela sofisticação e requinte, e o repertório clássico padrão não era suficiente para seu talento. Ossipênko participou de estreias revolucionárias de Iúri Grigórovitch como “A Flor de Pedra” e “A Lenda do Amor”.
Fonte: YouTube/Alexander Bogdanov
A dançarina se mostrou tão brilhante no cinema quanto no balé em papéis secundários nos filmes de Aleksandr Sokurov “A indiferença Dolorosa” e “Arca russa”.
Ekaterina Makssímova (1939-2009)
Makssimova sofreu um acidente durante a dança, feriu a coluna vertebral e ficou impossibilitada de ter filhos e também de dançar por um período. / Aleksander Makarov/RIA Nôvosti
Em seguida, Makssímova formou um dueto com o colega Vladímir Vassíliev no palco - e, depois, na vida. O casal foi escolhido para protagonizar o filme de propaganda “A União Soviética com o coração aberto”. Graças às filmagens, a dupla passou a lua de mel em Paris.
Fonte: YouTube/Dmítry Donskóy
Poucos sabem, porém, que devido a uma queda sofrida em 1975, enquanto realizava um movimento em que era erguida pelo parceiro, a bailarina teve uma lesão na coluna vertebral. Devido a isso, passou meses no hospital e não pode ter filhos. A recuperação foi lenta, mas ela voltou aos palcos e dançou ainda por muitos anos.
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