Novo mandato para Xi Jinping: líder chinês não abre mão de Taiwan, que tem silício como trunfo
Durante 20º Congresso do Partido Comunista em Pequim, presidente citou que conseguiu controle total sobre Hong Kong, com uso da força
O presidente da China, Xi Jinping, abriu, neste domingo, 16, o 20º Congresso do Partido Comunista em Pequim. O evento deve confirmar o terceiro mandato dele à frente do país. Em discurso de mais de duas horas aos congressistas comunistas, o presidente citou o controle total de Hong Kong. O Estado, então independente, foi palco de grandes manifestações pró-democracia até 2019. Como ocorre em Taiwan.
A exemplo de Hong Kong, Jinping prometeu o uso da força para reunificar a ilha, embora haja interferências de “forças externas” em Taiwan. Em 2020, Pequim impôs uma Lei de Segurança Nacional contra os cidadãos de Hong Kong. Assim, de acordo com ele, a China não desistirá de controlar também o outro território. No entanto, especialistas entendem que, no caso da ilha, as coisas não serão tão simples para os chineses. É que o minipaís, embora não reconhecido por muitas nações, possui uma especialidade industrial: a fabricação de chips a partir do silício.
“O impacto de uma guerra nesta parte do mundo seria tão grande que a China pagaria um preço muito alto, incluindo graves danos à sua própria economia. O gigante asiático, como o resto da economia mundial, depende de chips super sofisticados fabricados em Taiwan. Essas pequenas peças são feitas com semicondutores, ou seja, circuitos integrados feitos geralmente de silício”, explicou Craig Addison à BBC. Ele é autor do livro Silicon Shield: Taiwan’s Protection Against Chinese Attack (“Escudo de Silício: Proteção de Taiwan Contra Ataque Chinês”).
A China Continental defende uma reunificação pacífica da ilha, que possui 23 milhões de habitantes. No entanto, após a visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, em agosto desde ano, a ameaça de conflitos se intensificou na região. No congresso, Xi Jinping afirmou que “nunca desistirá do uso da força”, se preciso for para garantir o domínio da região.
O governo de Taiwan reafirmou que a ilha é soberana e independente. “A posição de Taiwan é firme: não recuar na soberania nacional, não comprometer a democracia e a liberdade. O encontro no campo de batalha absolutamente não é uma opção para os dois lados do Estreito de Taiwan”, cita o comunicado.
Nesse contexto, depois de décadas de hostilidade e tensão, a pequena ilha encontrou essa estratégia, que contribui para sua sobrevivência nacional neste conflito. Com o chamado “escudo de silício”, eles têm conseguido manter longe o fantasma de uma invasão chinesa.