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Ноябрь
2022

Nos tempos do Desemboque

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Não era um território na concepção geográfica atual, de um mundo em contrastes, lutas e conquistas dos mais fortes sobre os mais fracos

O caráter épico dado ao descobrimento das minas de Goyaz, explorado por muitos historiadores do passado caracteriza uma ideologia marcada pelo gosto ao literário, principalmente na Memória escrita por Silva e Souza, ou seja, pintar com nuances de epopeia, a saga dos primeiros caminhos abertos por aventureiros diversos nos caminhos e na “picada” para Goyaz.

Tudo aqui era um território puro, entendendo-se o termo como uma faixa completamente alheia do mundo ocidental, experienciada apenas pelas tribos indígenas que por este chão parado perambulavam na busca de caça e da pesca. 

Não era um território na concepção geográfica atual, de um mundo em contrastes, lutas e conquistas dos mais fortes sobre os mais fracos.  E nem mesmo o território na visão da Geografia Econômica de Pierre George, em que o homem é avaliado a partir da força de produção e das transformações do meio físico na aquisição e permuta de bens materiais e de consumo.

Era apenas o sertão, vasto sertão, tão bem descrito nas páginas magistrais de José Mauro de Vasconcelos (1920-1984) em seus romances pioneiros na divulgação do bravio Goyaz (Rosinha, minha canoa, Longe da terra, Arara vermelha, Arraia de fogo, Kuryala, capitão e carajá) e que, hoje, são desconhecidas dos goianos novos, infelizmente.

Com a chegada dos aventureiros de todos os recantos, de outras capitanias do Brasil e até de além-mar, instaurou-se o sentido de território hoje observado. Passou-se do mundo da contemplação e uso racional do meio, para o insólito quadro da exploração aurífera, por si só a degradar o ambiente e os costumes por sua agressividade, permissividade e desajuste febril.

Formava-se, assim, nos primeiros dez anos de exploração das minas de Goiás, uma dolorosa Geografia de exploração do meio. Picadas eram abertas quase a esmo, a partir de notícias de descobrimentos de novas possibilidades de extração do metal precioso. E só isso mesmo interessava. Eram homens rudes, consumidos pela ambição e pressa numa exaltação febril, doentia, na consciência coletiva da posse. Nada mais importava não fosse apenas o ouro. Homens imorais também afluíam como o ouro nos aluviões. 

Arraiais pequenos, incertos, perdidos entre feras humanas e animais eram esboçados na Geografia da febre. Tudo era ouro, até os mantimentos que chegavam ao preço de ouro. Crimes horripilantes eram cometidos na turbulência das paixões vis. Tudo isso com os tons épicos evidenciados pela Memória de Silva e Souza.

Os escravos eram o segundo ouro que nas minas de Goyaz se destacavam. Eram usados até a morte no serviço brutal da febre do ouro. O metal amarelo parecia não acabar. Era o Eldorado. Nessa loucura, caminhos outros iam surgindo nas lendas que se espalhavam além dos limites ainda incertos da terra goiá, sobre o ouro eterno. 

Desde Desemboque, esta febre se alastrava sem cura. Ali, portal de Goyaz, as lutas sangrentas entre brancos, caiapós e negros quilombolas também haviam se verificado desde os idos de 1700, nas encostas da Serra da Canastra; com muita agressividade dos negros que se organizavam em quilombos às margens dos rios Quebra anzol e Tengo-tengo (local onde o sangrento Bartolomeu Bueno do Prado ostentava o troféu de mais de quatro mil orelhas de escravos, que foram assassinados por seus “matadores de negros”) no caminho do povoado de São Domingos do Araxá, quando tudo ainda era Goyaz!

Nessa luta sangrenta no chão vasto de Goyaz setecentista, surgiu o “Arraial de Nossa Senhora do Desterro das Cabeceiras do Rio das Abelhas”, naqueles tempos que os nomes de rios ou pontos geográficos estavam agregados aos topônimos de localidades. Era o ápice da febre do ouro nos portais goianos. 

Desemboque cresceu tão rápido e vertiginosamente que foi a primeira a se libertar do imenso julgado de Santa Cruz de Goyaz; pois em 1783 já estava no ponto estratégico do Sertão da Farinha Podre, hoje o Triângulo Mineiro, com cerca de seiscentos habitantes. Com isso, passou a Julgado que se efetivou até 1816, quando passou à jurisdição mineira e foi suplantada pelo Arraial de Nossa Senhora do Sacramento e Uberaba.

Na matemática das minas de Goyaz, observada sob a égide da Geografia Econômica, as oitavas de ouro colhidas pelos escravos era a medida permanente. Nas primeiras minas, a medida de ouro recolhido era de uma oitava e meia por semana, isto nos arraiais de Vila Boa, Ouro Fino, Ferreiro, Barra, Meia Ponte, Trayras e Santa Cruz, os primeiros.

Nesse período de turbulência nesse território de bravos, a riqueza do homem se media por sua quantidade de escravos. Quanto mais escravos, mais rico. Na febre dos primeiros vinte anos de exploração, os mitos de ouro infinito foram criados e estes povoaram o imaginário de gerações seguidas, chegando mesmo aos dias atuais.

 Ainda persiste o pensamento de uma glória perdida nos rincões goianos, como se aquele tempo ainda tivesse retorno. É o sebastianismo de Goyaz! Lugares míticos como Araés, Correntes, Rio claro e Martírios, foram imagens recorrentes nos tempos da mineração e nos outros que se seguiram. Nas cidades do ouro, depois desprestigiadas, há uma nostalgia de passado, de riqueza, de grandeza acabada.

O ciclo do ouro, por mais permissivo que tenha sido, analisado geograficamente, identifica profundas mudanças no ciclo econômico, social e cultural do Brasil, pois foi responsável pelo deslocamento do eixo econômico do Nordeste para o Sul e Centro Oeste da Colônia; propiciou o despovoamento contínuo da Capitania de São Paulo desse período; provocou o alargamento do espaço brasileiro, por meio do recuo do Meridiano das Tordesilhas; foi responsável pelo surgimento de diversos núcleos urbanos, hoje prósperas cidades goianas, fomentou o surgimento de uma arte religiosa e devocional; além, é claro, de incentivar diversos movimentos nativistas posteriores. O ouro, visto geograficamente, foi válido para que se vislumbrasse no Brasil litorâneo, um outro vasto, fecundo e desconhecido Brasil interiorano.

Na Geografia febril do ouro houve delírio. Muitos caminhos, carregados de perigos e saques eram evitados. Abriam-se outros, aleatoriamente. O espaço goiano foi recortado por diversas novas veias, por meio do surgimento dos veios do ouro. Eram veias que varavam serras, chapadões, campinas e planaltos na exuberância do chão goiano. Os olhos dos homens ainda estavam injetados do calor da febre e não viam a beleza da paisagem.

Só passada a febre, seguida de prostração é que se pode abrir devagar os olhos e ver, no mundo perdido nas lonjuras, a necessidade de colocar os pés na terra e pisar o chão da espera.

Não era mais o chão da pilhagem rápida e fugidia. Era o chão da permanência. Outros caminhos então se abririam em novas veias que se desprenderiam dos veios.

Seria a Geografia da prostração, do desânimo inicial. Do ser perdido num espaço infinito, bravio, indomável, de “onde tiraram o ouro e deixaram as pedras”, como disse Cora Coralina.

Geografia do homem coberto de fadigas a pisar um território de medos em relação a um futuro incerto. Nos caminhos novos, o pensamento do que seria então, nos limites a serem impostos geograficamente, os cenários da terra de Goyaz!





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