Com novo 'garoto-propaganda', doces russos querem invadir Brics
Durante a Cúpula do G20, em setembro de 2016, Pútin apresentou a seu homólogo chinês, Xi Jinping, um sorvete russo. Após a demonstração, as vendas do produto aumentaram de maneira inacreditável na China.
Segundo dados do Serviço Federal Alfandegário da Rússia, nos primeiros nove meses de 2016, as exportações de sorvete russo para a China quintuplicaram e ultrapassaram os US$ 4,2 milhões após o surgimento do novo "garoto-propaganda". As compras em grande escala de sorvete russo pelos chineses são o exemplo mais bem-sucedido de promoção de exportação feito por pequenas empresas russas ao exterior, segundo o representante do Centro de Exportações da Rússia, Andrêi Jigalov. A China já importava sorvete russo anteriormente, mas apenas o produzido na região de Khabarovsk, no Extremo Oriente da Rússia.
Após a Cúpula do G20, porém, os compradores chineses passaram a importar a sobremesa também da Rússia central.
“Além de sorvete, os chineses também compram agora mais chocolates 'Aliônka' e joias russas”, conta Jigalov.
Falta de sinergia A principal razão para que a balança de exportações de produtos de pequenas empresas russas seja pequena é a falta de sinergia dos países nos grupos em que a Rússia participa.
Mesmo com a promoção do sorvete russo por Pútin na China, o produto não teve impacto em outros países do Brics. "Na Índia, o sorvete italiano e o sueco são muito populares, vendidos em todos os lugares, e o sorvete russo só é encontrado em restaurantes mais caros por enquanto", conta o diretor do departamento de economia da Embaixada da Índia em Moscou, Amit Telang. Pequenas empresas russas e os Brics A participação das pequenas empresas nas exportações russas é inferior a 1%, segundo a empresa de auditoria KPMG.
“Para efeito de comparação, na Índia, essa participação é de mais de 5%, na França e no Canadá, de mais de 3%”, diz o diretor do departamento de consultoria estratégica e operacional da KPMG, Aleksêi Nazarov.
Os empresários russos que querem exportar enfrentam dificuldades na fase de pré-exportação, inclusive na busca por parceiros e mercados. “A Rússia faz o melhor bolo de mel do mundo, que pode facilmente competir nos mercados globais com o 'tiramisu' e outras sobremesas populares. Mas o bolo de mel russo, infelizmente, não pode ser encontrado em restaurantes ou em lojas no exterior”, diz Telang. “Para abrir o mercado indiano aos russos, é preciso informar os consumidores indianos sobre os produtos e criar um sistema que informe aos produtores russos sobre os requisitos indianos para importações”, diz.
Buscando resolver o problema, o representante da União de Empresários Chineses, Wang Xu, propôs a criação de cursos de integração nos países do Brics.
"Quando as empresas russas começam a entrar no nosso mercado, muitas vezes elas enfrentam barreiras administrativas, em regras e tradições que não entendem porque não conhecem a cultura e os costumes locais", disse Wang. Para superar essas barreiras, precisamos de uma plataforma multilíngue, que contenha não apenas a descrição desses requisitos, mas também suporte o intercâmbio de dados em tempo real, segundo Telang.
"Sem essa plataforma não poderemos alcançar bons indicadores de atividade de negócios entre os Brics", completou Telang.