“Vocês sabiam que o Apolônio está aqui? Deve ser uma das pessoas que mais recebem visitas após ter falecido”. É assim que o coordenador do Arquivo Público Estadual de Mato Grosso do Sul, Douglas Alves da Silva, apresenta a exposição fixa do herói das três pátrias que dá nome ao Memorial da Cultura Apolônio de Carvalho. Mais do que suas memórias através de fotografias e objetos, as cinzas do corumbaense que lutou pela Espanha, França e Brasil integram seu espaço de homenagem na Avenida Fernando Corrêa da Costa. Douglas comenta que costuma brincar que Apolônio recebe tantos visitantes, sendo que a maioria das pessoas que passam ao seu lado nem imaginam por estar “escondido”, sem muito alarde em relação à urna de madeira. “Nós recebemos muitos alunos aqui e fazemos um tour com eles, pessoas em geral também vêm ao prédio e acabam conhecendo, mas não notam a urna”. E, quando o historiador conta sobre as cinzas do corumbaense (cedidas pela família devido ao espaço de homenagem), a surpresa aparece. Observando as reações das pessoas com o decorrer do tempo, Douglas explica que a relação com a cremação mudou muito. Antes, quando a gente falava em cremação era um assunto delicado, mas hoje isso mudou muito. Hoje, é mais tranquilo. Em geral, as crianças e adolescentes que visitam aqui é que ficam mais curiosos, diz o historiador. Tendo nascido em 1912, o militante faleceu em setembro de 2005, no Rio de Janeiro. E, dois anos depois, passou a dar nome ao prédio da Avenida Fernando Corrêa da Costa. Antes de se chamar Memorial da Cultura Apolônio de Carvalho, o edifício ficou conhecido como Erpe (Edifício das Repartições Públicas Estaduais) entre 1976 e 2002, quando se tornou o fórum de Campo Grande. Após esse período o prédio passou por reformas, foi tombado como patrimônio histórico de Mato Grosso do Sul e, em 2007, se tornou o Memorial. Detalhando sobre a história de Apolônio, Douglas comenta que o título de “herói das três pátrias” veio por ter lutado na Guerra Civil Espanhola na década de 1930, na resistência francesa contra a ocupação nazista após 1939 e no Brasil contra a ditadura de Getúlio Vargas (de 1937até 1945) e dos militares (entre 1964 e 1984). Considerando sua história, o historiador explica que Apolônio é visto como uma figura polêmica por alguns. Isso porque o militar era comunista e ajudou na fundação do Partido dos Trabalhadores, em 1980. “Sua coragem fez dele um herói, sendo agraciado na França com a Legião de Honra e o posto de coronel. Em 1967, rompe com o partido e adere à luta armada fundando o PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), do qual foi o primeiro secretário geral”, descreve a apresentação de Apolônio em sua exposição fixa. Para conhecer a exposição, é só ir até o Memorial da Cultura Apolônio de Carvalho, localizado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, no Centro. Os materiais estão no térreo e o funcionamento é de segunda até sexta-feira, das 7h30min às 17h30; aos sábados, o horário é das 8h às 13h. Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .