A morte com prescrição
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E esse índice ainda pode piorar, com a revelação da Fiocruz de que 2,9% da população -quase 5 milhões de brasileiros- já usou analgésicos opioides pesados sem prescrição médica; que, nos últimos seis anos, segundo a Anvisa, a venda prescrita desses remédios cresceu 465%; e que isso se deve aos diagnósticos incorretos e irresponsáveis em clínicas e prontos-socorros. Não por acaso, o crescimento dos casos de dependência é nítido nas pesquisas. A reportagem de Cláudia Collucci na Folha de quinta (28) é assustadora.
Quantos médicos saberão identificar tecnicamente um dependente? Quantos não caem a todo instante no golpe da receita perdida, dos pacientes que chegam às emergências simulando dor ou dos que os levam a tratar com opioides doenças crônicas como enxaqueca ou dor lombar? Quantos aprenderam que, para essas pessoas, a droga não é mais para dar prazer, mas exatamente para atenuar os efeitos da abstinência, como taquicardia, hipertensão, sudorese, diarreia, insônia, tudo isso ao máximo grau -e dor?
Um dia, os opioides apresentam a conta, vide Michael Jackson, morto aos 50 anos, Judy Garland (aos 47), Carmen Miranda (46), Elvis Presley (42), Dinah Washington (39), Prince (37) e Jimi Hendrix (27).
Todos bem jovens, não? Mas certas dependências não gostam de esperar por suas vítimas. Leia mais (04/28/2022 - 17h40)