"Auxiliar de médico existe?": enfermeira e conselho questionam portaria em MS
Causa revolta entre uma enfermeira e o Coren (Conselho Regional de Enfermagem), responsável por fiscalizar o trabalho da categoria, o termo "médicos e seus auxiliares" aparecer em uma portaria publicada ontem (2) no Diário Oficial de Mato Grosso do Sul. O documento dita normas sobre a escolta de presos durante o transporte e permanência nos hospitais no Estado. Ele foi republicado por conter erros em relação à versão divulgada em fevereiro. O mesmo termo já estava na primeira e não foi revisto. Enfermeira que já fez pesquisa em presídios, Wanessa Bezerra leu e se manifestou sobre o "desprezo à enfermagem" e seu trabalho que a escolha na portaria pode representar, considerando que os profissionais da área são os que normalmente estão presentes no atendimento aos presos, à beira dos leitos. "Agora auxiliar de médico existe? Um documento público desse, isso não dá para deixar passar", reivindica. Ela também desabafa sobre ainda sofrer com a experiência que teve como enfermeira no sistema prisional. "Aí o enfermeiro identifica a necessidade de encaminhar para uma unidade de emergência e eles [os médicos] não confiam. Não levam. O preso morre e a enfermeira ainda tem que justificar a morte sem escrever que eles ignoraram e duvidaram da enfermeira", exemplifica. Substituição - O Coren em Mato Grosso do Sul enviou ofício ao diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) no Estado, Rodrigo Rossi Maiorchini, pedindo que o termo seja substituído por “demais integrantes da equipe multidisciplinar de saúde”. O Conselho dá também a sugestão de especificar no documento quem pode fazer parte dessa equipe. "Médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos, dentre outros", elenca. Em outro trecho do documento, o órgão aponta como o termo "auxiliar de médico" pode soar discriminatório à enfermagem, reforçando que os profissionais da categoria ficam ao lado do paciente, sendo um detento ou não. "Muita gente na sociedade acha que um enfermeiro, por exemplo, é naturalmente um auxiliar, um apoio, um braço direito, para os médicos. Não é assim. A Enfermagem é uma profissão científica, com suas próprias definições e funções, Código de Ética e focada em pesquisa, com profissionais que até mesmo trabalham como empreendedores", diz o ofício do conselho. Vão trocar? - A assessoria de imprensa da Agepen foi contata para se manifestar sobre o atendimento ou não ao pedido do Coren, mas ainda não respondeu. O espaço segue aberto. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .